O papel da equilibração
Nos estudos de Piaget,
a teoria da equilibração, de uma
maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é
considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à
criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente. (Wadsworth, 1996)
Piaget postula que todo esquema de
assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que
lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza. E postula também que todo
esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila,
isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas, sem com isso,
perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo de processos
interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação.
Em outras palavras, Piaget (1975) define que o equilíbrio
cognitivo implica afirmar a presença necessária de acomodações nas
estruturas; bem como a conservação de tais estruturas em caso de acomodações
bem sucedidas. Esta equilibração é necessária porque se uma pessoa só
assimilasse, desenvolveria apenas alguns esquemas cognitivos, esses muito
amplos, comprometendo sua capacidade de diferenciação; em contrapartida, se uma
pessoa só acomodasse, desenvolveria uma grande quantidade de esquemas
cognitivos, porém muito pequenos, comprometendo seu esquema de
generalização de tal forma que a maioria das coisas seriam vistas
sempre como diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe. Essa noção de
equilibração foi a base para o conceito, desenvolvido por Paín, sobre as modalidades de aprendizagem,
que se servem dos conceitos de assimilação e acomodação, na descrição de sua
estrutura processual.
Segundo Wadsworth, se a
criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta,
então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando isso é feito,
ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é alcançado.
(Wadsworth, 1996) Segundo a teoria da equilibração, a integração pode ser vista como uma tarefa de assimilação,
enquanto que a diferenciação seria uma tarefa de
acomodação, contudo, há conservação mútua do todo e das partes.
É de Piaget o postulado de que o pleno
desenvolvimento da personalidade sob seus aspectos mais intelectuais é
indissociável do conjunto das relações afetivas, sociais e morais que
constituem a vida da instituição educacional. À primeira vista, o
desabrochamento da personalidade parece depender sobretudo
dos fatores afetivos; na realidade, a educação forma um todo indissociável e
não é possível formar personalidades autônomas no domínio moral se o indivíduo
estiver submetido a uma coerção intelectual tal que o limite a aprender
passivamente, sem tentar descobrir por si mesmo a verdade: se ele é passivo
intelectualmente não será livre moralmente. Mas reciprocamente, se sua moral
consiste exclusivamente numa submissão à vontade adulta e se as únicas relações sociais que
constituem as relações de aprendizagem são as que ligam cada estudante
individualmente a um professor que detém todos os poderes, ele não pode
tampouco ser ativo intelectualmente. (Piaget, 1982) Piaget afirma que
"adquirida a linguagem, a socialização do pensamento manifesta-se pela
elaboração de conceitos e relações e pela constituição de regras. É justamente
na medida, até, que o pensamento
verbo-conceptual é transformado pela sua natureza coletiva que ele
se torna capaz de comprovar e investigar a verdade, em contraste com os atos
práticos dos atos da inteligência sensório-motora e à sua busca de êxito ou
satisfação"
Jonatha Pereira Martins
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